Os três acusados de assassinarem os fiscais do Ministério de Trabalho e Emprego (MTE) na Chacina de Unaí foram condenados. A sentença foi proferida na madrugada de sábado (31) pela juíza Raquel Vasconcelos Lima, depois de quatro dias em sessão em Belo Horizonte. Um dos acusados de ser mandante do crime, o fazendeiro Norberto Mânica, deve ir a júri no dia 17 de setembro.
Os auditores fiscais do trabalho Nelson José da Silva, João Batista Lage, Erastótenes de Almeida Gonçalves, e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram mortos em Unaí, município do noroeste mineiro, em 2004. Os funcionários apuravam possíveis irregularidades trabalhistas em colheitas de feijão.
Quase dez anos depois, Rogério Alan Rocha Rios, William Gomes de Miranda e Erinaldo de Vasconcelos Silva foram condenados por júri popular. Outros acusados de envolvimento no crime e o fazendeiro Norberto Mânica, suspeito de ter sido o mandante, irão a júri no próximo mês. O julgamento de Antério Mânica, irmão de Norberto e também acusado de ter sido mandante, não tem data definida para acontecer.
De acordo com informações da Repórter Brasil, o réu Erinaldo confirmou que o fazendeiro Norberto, conhecido como “rei do feijão”, havia prometido a ele 300 mil reais para que assumisse à Justiça o crime de latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte. Um dos empresários acusados de envolvimento com a chacina, Hugo Pimenta, teria dito o mesmo na última quarta-feira (28). A versão proposta inocentaria os irmãos Mânica e os acusados de intermediar o crime. Os jurados condenaram o pistoleiro por homicídio triplamente qualificado, formação de quadrilha e receptação.
Dos julgados nesta semana, somente Erinaldo assumiu a participação na Chacina de Unaí. Ele admitiu que atirou em ao menos três funcionários do MTE e declarou que os outros dois réus estavam envolvidos. Como a decisão é de primeira instância, da 9ª Vara de Belo Horizonte, ainda cabe recurso.
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) e a Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho de Minas Gerais (AAFIT-MG) pedem justiça no caso, exigindo a punição de todos o acusados. Eles também reivindicam melhores condições de trabalho e um maior número de auditores para garantir menos acidentes e irregularidades trabalhistas no campo. (pulsar)