Enquanto parte do Brasil festeja a Copa do Mundo, outra luta pela garantia do direito à cidade. Na manhã da última terça-feira(17), a Ocupação Estelita, localizada no Cais José Estelita, em Recife, foi removida à força durante uma operação de reintegração de posse violenta comandada pela Polícia Militar (PM). Ao todo onze ativistas foram detidos.
A ocupação começou há 27 dias quando militantes que passavam pela região se depararam com o início da demolição ilegal dos galpões do Cais pelas empresas construtoras pertencentes ao Consórcio Novo Recife, vencedor de um controverso leilão da área em 2009. O projeto de construção de doze prédios de 40 andares tem sido muito questionado na Justiça por não ter passado por análises adequadas referentes aos impactos sócio- ambientais na região e por ser um empreendimento que irá beneficiar uma parcela mínima da população pernambucana.
Ao todo cinco ações, tanto do Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público Federal (MPF) e da sociedade civil tramitam na Justiça contra a obra, que está embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pela Justiça Federal.
Além de uma intervenção direta contra as obras no Cais José Estelita, o acampamento promovia reuniões, oficinas lúdicas e debates sobre o direito à cidade. O jornalista e integrante do movimento ocupe estelita, Ivan Moraes, relata que mais de cem pessoas se reuniam diariamente na ocupação como forma de pressionar o governo a cumprir os requisitos legais do empreendimento. Moraes destaca que o mandado de reintegração de posse foi irregular e não respeitou sequer o procedimento de consulta ao Ministério Público (MP).
O processo de desocupação do Cais José Estelita foi marcado pela violência. Na madrugada de terça-feira (17), policiais do Batalhão de Choque e da Cavalaria chegaram fortemente armados para retirar os manifestantes do local. Bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta e bala de borracha foram disparados aleatoriamente pela polícia. O jornalista Ivan Moraes, afirma que a agressão sofrida serviu para fortalecer ainda mais o movimento que não irá abandonar a área. De acordo com a Adital, cerca de 50 pessoas já estão novamente reunidas reerguendo o #ocupeestelita embaixo do viaduto, nas proximidades do cais. (pulsar)
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Entenda a Ocupação Estelita:
O jornalista e integrante do movimento ocupe estelita explica as obras ilegais, como funcionava o acampamento e conta sobre a ofensiva policial.
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