Após quase 20 anos do mecanismo de cotas femininas nas eleições, pela primeira vez as mulheres representam mais de 30 por cento das candidaturas em nível nacional. O mesmo fenômeno também ocorreu em 2012, nas eleições municipais. Porém, de acordo com Patrícia Rangel, cientista política e consultora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), isso ainda não é o suficiente para garantir a igualdade de gênero na política.
Apesar de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostrarem que as mulheres representam 51,2 por cento do eleitorado, elas ocupam menos de 10 por cento dos cargos políticos. Para Patrícia Rangel, a sub-representação feminina se dá devido à grande influência de estruturas sociais como o patriarcado, o capitalismo e o racismo. Segundo a cientista política, existe uma grande resistência dos partidos em investirem nas candidaturas de mulheres, negros e indígenas.
Outro problema que as mulheres ainda enfrentam na vida política é a dupla jornada. Das quase oito mil candidatas registradas no TSE para as eleições deste ano, mais de 500 são donas de casa e 650 são professoras. De acordo com um levantamento realizado por Patrícia, este seria o motivo para a maior parte das candidatas estarem na faixa etária de 18 a 20 anos. Já entre os homens a maioria se declara empresário ou advogado.
Patrícia Rangel acredita que a representatividade feminina nos cargos de poder e decisão é de extrema importância para que as pautas de gênero ganhem visibilidade. Se as mulheres são maioria do eleitorado e cerca de metade da população geral, nada mais justo que este cenário também se torne realidade na política.
Para a cientista política, somente com as mulheres realmente eleitas, as pautas femininas como a legalização do aborto, programas de saúde voltados para o câncer de mama e de útero e a violência de gênero terão, de fato, avanços consideráveis. (pulsar)
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Patrícia Rangel fala sobre as demandas femininas na política:
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Patrícia Rangel fala sobre o que precisa ser feito para garantir a igualdade na política:
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